Bolacha Maria

18-11-2011 10:24

Bolacha Maria

 

Era uma vez uma bolacha Maria que disse que Maria, só Maria, não chegava. 
Queria ser, ao menos, Maria Emília. Bolacha Dona Maria Emília, com todo o respeito. 
As outras companheiras do pacote fizeram-lhe a vontade. Mas, quando uma bolacha Maria começa com exigências, oh! oh! Nunca mais pára? 
- Pensando melhor, não dispenso os apelidos. Quero passar a ser tratada por Dona Maria Emília de Melo e Sousa Trigo de Reboredo Farinha. 
Um nome tão comprido e retorcido não é fácil de decorar. Algumas das simplesmente Maria chamavam-na de Maria de Trigo Melo e Sousa não sei quê Farinha. Outras, de Maria Reboredo Farinha de Melo Trigo de Sousa Emília. E as mais esquecidas, apenas de Maria Farinha de Trigo, o que a punha fula. 
- Distingam-me. Separem-me. Marquem a diferença. Eu sou uma bolacha especial. Uma bolacha Dona Maria Emília de Melo e Sousa Trigo de Reboredo Farinha. 
- Tá bem - diziam as outras, que não eram de despiques. 
Alguém abriu o pacote e começou a provar daquelas bolachas torradinhas e saborosas. Elas não se importavam. Sabiam para o que estavam destinadas e davam-se por contentes. Proporcionar um pouco de prazer ao paladar era a vocação delas. 
A Maria que não ia com a outras, por sinal a última do pacote, não seguiu o caminho das demais. Ficou a aguardar novo acesso de apetite de quem, daquela vez, já estava de barriga cheia. Ficou sozinha. Ficou esquecida. 
Amoleceu. 
Quando, passado dias, deram por ela disseram: 
- Esta bolacha já está mole. Não presta. 
E chamaram: 
- Bobi, anda cá. Toma. 
O Bobi, de rabinho a abanar, muito saracoteante e salivante, veio, tomou e foi assim que a excelentíssima bolacha Dona Maria Emília de Melo e Sousa Trigo de Reboredo Farinha acabou na boca do cão. 
Esta história é pequenina e sabe a pouco? Pois é. O Bobi também achou o mesmo.

kids.sapo.pt/descobrir/historias/historia_do_dia/artigo/bolacha_maria